segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Hoje Tive a feliz sensação de que os cinco euros que gastei ao comprar o livro do Larry Rohter, que foi correspondente do The New York no Brasil - hoje colunista do mesmo, foram sem duvida nenhuma muito bem gastos.

Acabo de assistir o Manhattan Connection e por mais que não deixassem o Larry falar sobre o racismo no brasil, o pouco que conseguiu foi o suficiente. Ao enfrentar o Mainard - consegui ler seu livro e não tive tantas ânsias de vomito, talvez por até concordar em alguns posicionamentos acerca dos políticos brasileiros - voltando ao Larry, ao falar sobre o prefeito quase cassado Ari Artuzi de Dourados ao inaugurar uma obra "feita por brancos" - expressão estranha num país em que o racismo não existe?!

O racismo no Brasil é exatamente isso, nas palavras de um estrangeiro que sem problema algum fala sobre ele em seu livro Brazil on the Rise: "Nós sempre falamos da desigualdade social e econômica no Brasil mas, no fundo, isso tem um relacionamento muito forte com a questão racial que, para mim, é a raiz das mazelas sociais do país. Todas elas estão associadas à desigualdade racial. Todo povo é racista, não apenas o brasileiro. Tem racismo na China, na África, na Europa, em todos os cantos do mundo. O importante é como você lida com o racismo e se você reconhece que o racismo existe na sua sociedade. Nós, americanos, fomos forçados a reconhecer a mazela do racismo na nossa sociedade. Ainda estamos enfrentando isso, mas assumimos nossa condição de ser um país racista. O Brasil ainda não fez isso. Ainda persiste o mito da democracia, da igualdade racial, de que todas as discriminações contra as pessoas negras ou pardas têm a ver com a condição econômica, a pobreza. A ideologia de Gilberto Freyre ainda contamina o diálogo da questão racial no Brasil. É a minha visão pessoal, mas nasce de uma experiência de muitos anos no Brasil, de ter falado com amigos negros brasileiros, de ter lido muitos livros sobre o assunto. Quando eu era menino, morava na Flórida dos tempos da segregação. Foi uma coisa muito difícil para uma criança absorver, fiquei sensibilizado. Não quero dizer que nós, aqui, somos perfeitos. Mas reconhecemos que temos um problema. O Brasil ainda finge que não existe problema. Há vozes dissonantes, mas elas são minoritárias, não majoritárias. O negro brasileiro continua numa situação de desigualdade. Eu pergunto: onde está o Obama brasileiro? Não vejo um personagem dessa natureza no Brasil. O governo do Lula e do FHC fizeram coisas para melhorar a situação do negro e hoje você vê ministros negros, mais políticos negros, mas o país ainda está tentando fugir de um debate real e honesto da questão racial."

Nenhum comentário:

Postar um comentário