domingo, 16 de setembro de 2007

Trecho do Livro - Afrodite sem Olimpo...

camafeu - Conto

Numa manhã kafkeana acordei esta, sem prólogo ou aviso prévio. Já tem um bom tempo. Também não sei exatamente explicar como ou porque, embora quando sinto saudade daquela, fico desfiando razões pra ser esta como quem reza um terço. Nem sei em que tempo e nem qual delas vive melhor mas, a antiga tinha mais certezas, especialmente do que certeza não tinha. Ela queria ser tudo e ainda assim, mulher e definitiva. Esta, sofre de constrangimento alheio, engasga com choro de quem pouco conhece e nunca foi nada, exceto incerta. Quando entende que entende nada, assovia boleros descompassada e debochadamente. Mas, do que mais me lembro é que a antiga espatifava xícaras e o que mais alcançasse, quebrando iras expurgadas ao chão. E hoje, não há mais prateleiras onde caibam porcelanas intactas. Troféus de trincados afetos e palavras craqueladas. Dos remédios, guarda às gargalhadas, porque sem rir não seria uma nem outra. Nem nada.
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